quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Rifa-se

Rifa-se um coração ;Rifa-se um coração quase novo.
Um coração idealista,um coração como poucos.
Um coração à moda antiga.
Um coração moleque que insiste em pregar peças no seu usuário.
Rifa-se um coração que na realidade está um pouco usado, meio calejado, muito machucado e que teima em alimentar sonhos e, cultivar ilusões.
Um pouco inconseqüente que nunca desiste de acreditar nas pessoas.
Um leviano e precipitado coração que acha que Tim Maia
estava certo quando escreveu...
"...não quero dinheiro, eu quero amor sincero,é isso que eu espero...".
Um idealista...Um verdadeiro sonhador...
Rifa-se um coração que nunca aprende.
Que não endurece, e mantém sempre viva a esperança de ser feliz, sendo simples e natural.
Um coração insensato que comanda o racional sendo louco o suficiente para se apaixonar.
Um furioso suicida que vive procurando relações e emoções verdadeiras.
Rifa-se um coração que insiste em cometer sempre os mesmos erros.
Esse coração que erra, briga, se expõe.
Perde o juízo por completo em nome de causas e paixões.
Sai do sério e, às vezes revê suas posições arrependido de palavras e gestos.
Este coração tantas vezes incompreendido.
Tantas vezes provocado.
Tantas vezes impulsivo.
Rifa-se este desequilibrado emocional  que abre sorrisos tão largos que quase dá  pra engolir as orelhas, mas que também arranca lágrimas e faz murchar o rosto.
Um coração para ser alugado,ou mesmo utilizado por quem gosta de emoções fortes.
Um órgão abestado indicado apenas para quem quer viver intensamente contra indicado para os que apenas pretendem passar pela vida matando o tempo,defendendo-se das emoções.
Rifa-se um coração tão inocente que se mostra sem armaduras e deixa louco o seu usuário.
Um coração que quando parar de bater ouvirá o seu usuário dizer para São Pedro na hora da prestação de contas:
"O Senhor pode conferir. Eu fiz tudo certo,só errei quando coloquei sentimento.Só fiz bobagens e me dei mal quando ouvi este louco coração de criança que insiste em não endurecer e, se recusa a envelhecer"
Rifa-se um coração, ou mesmo troca-se por outro que tenha um pouco mais de juízo.
Um órgão mais fiel ao seu usuário.
Um amigo do peito que não maltrate tanto o ser que o abriga.
Um coração que não seja tão inconseqüente.
Rifa-se um coração cego, surdo e mudo,mas que incomoda um bocado.
Um verdadeiro caçador de aventuras que ainda não foi adotado, provavelmente, por se recusar
a cultivar ares selvagens ou racionais,por não querer perder o estilo.
Oferece-se um coração vadio,sem raça, sem pedigree.
Um simples coração humano.Um impulsivo membro de comportamento até meio ultrapassado.
Um modelo cheio de defeitos que,mesmo estando fora do mercado,faz questão de não se modernizar,mas vez por outra,constrange o corpo que o domina.
Um velho coração que convence seu usuário a publicar seus segredos e a ter a petulância de se aventurar como poeta



Clarice Lispector

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

O pesadelo

Ela dormiu...Quando sentiu aquelas mãos no seu cabelo,de olhos fechados sorriu,sentiu um alivio porque sabia que era as mãos do seu amor que a faziam carinho.Não precisava ver pra ter certeza,se moveu um pouco,ditou em seu peito,e se sentiu tão aliviada,sim ele estava ali...enquanto ela dormia ele cantava a musica preferida deles,e falava do seu amor sem fim por ela...Disse que ela poderia não ser mais o motivo dos seus sorrisos mas era o motivo dos seus sonhos ainda...Como ela desejou sentir aquela proteção outra vez...Ela respirava tão tranqüilamente,enquanto ele continuava a dizer suas declarações...Mas ela notou que sua voz,sua voz estava diferente,isso a fez desperta ainda que não tivesse aberto os olhos,ela foi saindo daquele estado de paz,e entrou na duvida...Estava ela dormindo?Era o sonho?ela desejou que quando abrisse os olhos...desejou tanto...que quando fizesse isso descobrisse que tudo até hoje era um sonho, e ela estava voltando dele,mas se ele não estivesse de fato ao seu lado,não sonho,o sonho foi mesmo de senti-lo ao seu lado outra vez...Chorou,como ela tinha medo de abrir os olhos e vê que ele não estava lá...é ele não estava lá...Gritou,implorou pra Deus pra conseguir voltar a dormi e senti-lo outra vez...Como doeu,como continua doendo...Ela abraçava a si mesmo,na tentativa de se sentir proteção.Que tristeza existia naquele choro,se alguém escutasse já saberia que era dor de amor,choro por alguém que se foi...Aquele choro que faz a respiração perder seu compasso,quele choro forte,de um coração apertado,aquele choro que só alguém que já amou reconhece...Como ela sentia raiva,e todos aqueles sentimentos que ela havia sentido no começo voltaram sem dó de sua alma.Como se ela voltasse pra estaca zero,pra porta de entrada do fundo do poço... ela que já estava tão perto de final...Tudo voltava e fazia doer mais,dessa vez tudo vinha pior porque as duvidas também a acompanhavam,duvidas cruéis...Ela só desejava poder amar,sofria por ver também sua capacidade de amar sendo impedida,sendo destroçada...E a madrugada a fez companhia,a lua via seu desespero,e todos os Deuses sentiram pena dela também...

continua______________________

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Definitivo

Definitivo, como tudo o que é simples.
Nossa dor não advém das coisas vividas,
mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.
Sofremos por quê? Porque automaticamente esquecemos
o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções
irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado
do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter
tido junto e não tivemos,por todos os shows e livros e silêncios que
gostaríamos de ter compartilhado,
e não compartilhamos. Por todos os beijos cancelados, pela eternidade.
Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas
as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um
amigo, para nadar, para namorar.

Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os
momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas
angústias se ela estivesse interessada em nos compreender.
Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada.
Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam, todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.

Por que sofremos tanto por amor?
O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma
pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez
companhia por um tempo razoável,um tempo feliz.

Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como um
verso:


Se iludindo menos e vivendo mais!!!
A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida
está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento,perdemos também a felicidade.

A dor é inevitável. O sofrimento é opcional...



Carlos Drummond de Andrade

Certezas

Não quero alguém que morra de amor por mim...
Só preciso de alguém que viva por mim, que queira estar junto de mim, me abraçando.
Não exijo que esse alguém me ame como eu o amo, quero apenas que me ame, não me importando com que intensidade.
Não tenho a pretensão de que todas as pessoas que gosto, gostem de mim...
Nem que eu faça a falta que elas me fazem, o importante pra mim é saber que eu, em algum momento, fui insubstituível...
E que esse momento será inesquecível...
Só quero que meu sentimento seja valorizado.
Quero sempre poder ter um sorriso estampando em meu rosto, mesmo quando a situação não for muito alegre...
E que esse meu sorriso consiga transmitir paz para os que estiverem ao meu redor.
Quero poder fechar meus olhos e imaginar alguém...e poder ter a absoluta certeza de que esse alguém também pensa em mim quando fecha os olhos, que faço falta quando não estou por perto.
Queria ter a certeza de que apesar de minhas renúncias e loucuras, alguém me valoriza pelo que sou, não pelo que tenho...
Que me veja como um ser humano completo, que abusa demais dos bons sentimentos que a vida lhe proporciona, que dê valor ao que realmente importa, que é meu sentimento...e não brinque com ele.
E que esse alguém me peça para que eu nunca mude, para que eu nunca cresça, para que eu seja sempre eu mesmo.
Não quero brigar com o mundo, mas se um dia isso acontecer, quero ter forças suficientes para mostrar a ele que o amor existe...
Que ele é superior ao ódio e ao rancor, e que não existe vitória sem humildade e paz.
Quero poder acreditar que mesmo se hoje eu fracassar, amanhã será outro dia, e se eu não desistir dos meus sonhos e propósitos, talvez obterei êxito e serei plenamente feliz.
Que eu nunca deixe minha esperança ser abalada por palavras pessimistas...
Que a esperança nunca me pareça um NÃO que a gente teima em maquiá-lo de verde e entendê-lo como SIM.
Quero poder ter a liberdade de dizer o que sinto a uma pessoa, de poder dizer a alguém o quanto ele é especial e importante pra mim, sem ter de me preocupar com terceiros... Sem correr o risco de ferir uma mais pessoas com esse sentimento.
Quero, um dia, poder dizer às pessoas que nada foi em vão...
Que o amor existe, que vale a pena se doar às amizades a às pessoas, que a vida é bela sim, e que eu sempre dei o melhor de mim... e que valeu a pena.



Adriana Britto

domingo, 6 de dezembro de 2009

Nada como o tempo.

Com o tempo, você vai percebendo que para ser feliz com uma outra pessoa, você precisa, em primeiro lugar, não precisar dela.
Percebe também que aquele alguém que você ama (ou acha que ama) e que não quer nada com você, definitivamente não é o "alguém" da sua vida.
Você aprende a gostar de você, a cuidar de você e, principalmente, a gostar de quem também gosta de você.
O segredo é não correr atrás das borboletas... é cuidar do jardim para que elas venham até você.
No final das contas, você vai achar não quem você estava procurando, mas quem estava procurando por você!



desconhecido

Lembrança de alguma conversa.

— Acontece sem querer - mesmo que pareça proposital. Ó, tá meio tarde, eu sei, mas queria pedir desculpas. Sabe, queria dizer que não fiz pra te magoar. Inclusive queria te dizer que sou incapaz de te magoar.


— Ah, não é não. Você tem praticamente o dom de me magoar.

— É sem querer.

— Tudo é. Você sai e não liga e é sem querer. Você me deixa esperando, e é sem querer. Você, às vezes, prefere os outros à mim e eu aposto que é sem querer, claro.

— Desculpa.

— Agora é tarde e que bom que você já percebeu. - E outra, você vem com esse papinho agora que tá doendo, agora que você não tem mais uma idiota te esperando, agora que você tem que se virar. - Sabe; te mimei de mais. Você queria a mão e eu me dei toda. Você queria espaço e eu te dei o céu. Te dei as estrelas. Você não pensa nisso?

— Mas.

— Mas nada! Não tem mais. Não dá mais. O amor nem sempre é suficiente. Deixa assim como está. Vá refletir sobre sua vida. Seus atos. Siga seu caminho e eu vou seguir o meu. Quem sabe a gente não se encontra por aí. Qualquer dia, qualquer hora, por acaso, outra vez.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Recaida.

Faziam um mês que haviam tirado seu coração,e porque ainda doida tanto.Ela sentia um vazio,ela sorria,e  tiveram dias que pensou estar curada mas não, tudo ainda era vago,sua felicidade não durava muito,seus sorrisos ainda não eram os mais bonitos e o brilho no olhar ainda não tinha voltado...Ela sentia que a cada dia a saudade era maior, mas estranho porque começava a esquecer o timbre da voz do seu amor,pra lembrar do seu cheiro tinha que fazer um esforço...ele começou a ficar distante,e era isso que ela tinha medo.Ela sabia que o amor estava dentro dela,mas tinha medo de que essas sensações de esquecimento fossem parte do desamor... passou um dia inteiro se privando de sorrir,pra quem sabe com a dor senti-lo outra vez ao seu lado.E esse foi seu medo, todos esses dias,as vezes dava ate raiva saber que conseguia viver bem longe dele e mais raiva ainda ao saber que ele poderia estar sentindo o mesmo.Ela fechou os olhos e rezou , pedia a Deus para sentir a presença dele ao seu lado,sentir seu abraço,desejou tanto que quase poderia ter acontecido,mas a única coisa que sentiu foi mais saudades daqueles abraços,ainda com os olhos fechados pode ver ele dizendo “te amo te amo”, foi tão real que não queria mais abrir os olhos poderia ficar ali um dia inteiro só relembrando o contorno de seu rosto,o aconchego que era deitar com a cabeça no seu peito...Ela queria poder sentir o coração dele,sentir que ele ainda batia por ela,que ele ainda desejava tanto quanto ela aquele “eu te amo”.E passou um dia inteiro assim,isso era a etapa da recaída,ela sabia que esse dia viria...E foi mais triste que todos os outros,porque ela queria não fazer nada a não ser ficar deitada em sua cama na escuridão lembrando de tudo,e lamentando por todos os dias que ela teria que enfrentar sem ele...Ela não queria ouvir qualquer musica que lembrasse deles,não queria ver fotos,não releria as cartas que ele havia mandado,não queria fazer nada,só ficar ali no silencio, tentando senti-lo mais uma vez,tentando se concentrar pra quem sabe sentir o toque das suas mãos no seu corpo,a respiração dele,a voz...ela só queria conseguir sentir mais uma vez como era boa a sensação de segurança, só queria poder sentir a melhor sensação que já sentiu,o maior prazer que poderia ter vivenciado em sua vida que é o prazer de se sentir amada...Chorou, chorou...E tentando senti-lo ali o dia e a noite ela ficou...

Continua____________